MISSÃO EM CABINDA

                                              A VISITA

1963

Acabados de chegar a Luanda, depois de quase um ano no mato (Pangala), tínhamos a esperança de sermos mandados para o sul – Nova Lisboa, Benguela, Lobito – onde não havia guerra,  pois tinham-nos dito que só permaneceríamos na zona de intervenção norte durante metade da comissão. Mas não! Continuávamos a ser caçadores especiais, tropa de intervenção às ordens do Comando para seguir para onde fosse necessário estabelecer ou repor a segurança. O nosso grupo, pela experiência adquirida no mato e pelos resultados (bons) alcançados, não podia ser desperdiçado em locais calmos e “bons para passar férias”.

O Presidente da República Américo Tomaz, em visita oficial, vinha a Angola e começava por Cabinda. As tropas que se encontravam naquele enclave ou não eram suficientes ou seriam tropas inexperientes. Dois Pelotões, 2º. e 3º., da CCE306 foram destacados para fazer a sua segurança. Ao nascer do dia, embarcamos numa Fragata da Marinha de Guerra que, logo que o último homem entrou a bordo, levantou âncora e fez-se ao mar alto com rumo a Cabinda.

 

 

 

 

 

 Tropas treinadas para operar em terra a bordo dum pequeno vaso de guerra…foi só esperar pela ondulação do mar alto, enjoos e vómitos eram por todo o lado. Fui para o beliche deitar-me mas, como no mato, o “inimigo” enfrentava-se melhor a pé. Duas horas depois o pior tinha passado, já dava para olhar o horizonte.

 

 

Vencemos mais uma batalha, ou melhor, adaptámo-nos ao “inimigo”.

As águas barrentas que atravessávamos anunciavam a nossa passagem pela foz do rio Zaire. Algures a montante desse grande rio situa-se Noqui, localidade junto ao rio que fazia parte da zona de intervenção por onde tínhamos andado ao longo dos últimos onze meses.

Vinte e quatro horas depois de deixarmos Luanda eis-nos em frente a Cabinda. A fragata ancorou ao largo e pequenas embarcações levaram-nos para terra.

 

 

Sem vermos o Presidente, dando jus ao nosso lema“ sóbrios e eficientes”, demos-lhe a segurança pretendida.

Novamente a bordo da fragata rumamos a Luanda.

Chegámos, com garbo desfilámos pela Avenida Marginal de Luanda integrados na Companhia.

 

M. Miranda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por gatobranco às 15:28 | link do post | comentar