PRIMEIRA MISSA EM PANGALA

 

 

De Cuimba, do Comando do Batalhão, chegou o Padre Arnaldo.

Pessoa afável, de olhar sereno, seguro das suas convicções, não teve qualquer dificuldade em captar a nossa simpatia.

O serviço religioso foi breve. Antes, houve quem se quisesse confessar para participar na eucaristia daquela celebração em terras perdidas do Norte de Angola.

Deus nem sempre foi o melhor letinitivo para a dor que nos perseguia e o porquê martelava-nos insistentemente.

À noite, depois de ter jantado com os oficiais, foi seroar com os sargentos. A despeito de a conversa ter sido diversa e muitos os temas abordados, a dúvida sobre o Deus todo poderoso que permitia aquela matança em que estávamos envolvidos e tantas outras pelo mundo fora, teve expressão. O Padre Arnaldo, acossado pelos mais violentos, com humildade declarou apenas:

"Quem sou eu para vos responder? Também me interrogo, mas creio Nele e por Ele estou aqui convosco!"

Nos momentos mais difíceis da minha vida, longe de Pangala, há muito tempo, há dias, ontem, hoje, estas palavras do Padre Arnaldo perseguem-me e como eu gostaria de ter a sua Fé.

 

J.Eduardo Tendeiro  Covilhã, Março/09

 

publicado por gatobranco às 12:05 | link do post